Envelheço, quando me fecho
para as novas idéias:
e me torno radical.
Envelheço, quando o novo me assusta.
E minha mente insiste em não aceitar.
Envelheço, quando me torno
impaciente, intransigente
e não consigo dialogar.
Envelheço, quando meu pensamento
abandona sua casa.
E retorna sem nada a acrescentar.
Envelheço, quando muito me preocupo,
e depois me culpo
por não ter tido tantos motivos
para me preocupar.
Envelheço, quando penso
demasiadamente em mim mesmo
e conseqüentemente
me esqueço dos outros.
Envelheço, quando penso em ousar
e já antevejo o preço
que terei que pagar pelo ato,
mesmo que os fatos
insistam em me contrariar.
Envelheço, quando tenho
a chance de amar
e deixo o coração e se põe a pensar.
Será que vale a pena correr o risco de me dar?
Será que vai compensar?
Envelheço, quando permito
que o cansaço e o desalento
tomem conta da minha alma
e me ponha a lamentar.
Envelheço:
Enfim quando, paro de lutar.
O acaso é a vontade de Deus.
Que ele não assina.
(Reinilson Câmara)
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