20 de abr. de 2014

PÁSCOA



          É sabido que por meio dos alimentos reconhecemos um pouco da história, dos costumes e tradições de alguns povos. Talvez a culinária judaica seja a representação máxima dessa idéia. Seus ingredientes são muito mais do que uma simples comida no prato. Através de cada combinação pode-se traçar um roteiro da história deste povo guerreiro que ainda preserva a sua cultura. A culinária recebe o nome de Kasher ou Kosher (puro) e estabelece o que deve ou não ser ingerido. Conforme o livro sagrado, Torá, só podem ser consumidos animais de quatro patas e casco fendido, como, por exemplo, a carne bovina, (Carnatzlach) e o cordeiro (Berinjela Recheada com Cordeiro). Os porcos são proibidos porque não mastigam. Já entre as aves permitidas estão o frango (Frango Gan Eden), o pato e o peru.
          O cardápio é rico em vegetais, galinha, cereais e batata. Destaque para as ervas que aromatizam os pratos sempre pobres em molhos. Da frase, "Não cozinharás o cabrito no leite de sua própria mãe", vem uma das principais restrições, que proíbe o consumo da carne com leite no mesmo prato, além da mesma faca para cortar queijos e carnes. Apesar da culinária judaica ser passada de geração para geração durante muitos séculos, os métodos não são tão rígidos, pois dependem do lugar em que os judeus estão. É que ao longo do tempo, os judeus acabaram se espalhando para diversos cantos do mundo e, conseqüentemente, tiveram de adaptar o paladar e os costumes gastronômicos conforme os ingredientes típicos de cada região. A culinária judaica não existe, mas sim o modo judaico de preparar a culinária de outros países. É resgatado o que vem dos ancestrais, tanto da culinária israelense, como também dos árabes e europeus, principalmente da Península Ibérica (Portugal e Espanha). Por isso, os risotos, típicos da Itália, recebem abóbora. Já a típica Paella espanhola é feita somente com frango, pois se acredita que frutos do mar são os restos do oceano.
          A tradição culinária também é mantida conforme momentos históricos e religiosos.
Na Páscoa ou Pêssach (passagem), o fermento é proibido. Quando os hebreus fugiram do Egito em busca da terra prometida, não tiveram tempo de esperar crescer o pão que os alimentaria durante a jornada. Isso explica a substituição da farinha de trigo, da cevada, do centeio e da aveia por alimentos feitos a base de matzá (fécula de batata), que é livre de fermento. Com esse ingrediente é preparado o pão ázimo, o matzot, consumido durante os oito dias de celebração.

          Diferente dos católicos, os judeus seguem o calendário lunar. Por esta razão, iniciam a celebração de Páscoa na noite do dia 12 de abril quando surgem as primeiras estrelas.
No primeiro dos oitos dias em que se comemora a libertação dos hebreus e a diáspora, a família se reúne para o Seder (Ceia), onde são servidos alimentos que recordam o sofrimento do povo judeu daquela época. O Pessach marca, portanto,  o nascimento dos judeus como povo há mais de três mil anos, comemorando a libertação dos filhos de Israel da escravidão - sob a liderança de Moisés e a busca pela Terra Prometida - além da negação do antigo sistema e modo de vida egípcio.Assim, festeja-se a liberdade espiritual juntamente com a liberdade física. A festa também carrega um significado agrícola, já que marca o início do período de colheita na Terra de Israel. O antigo povo de pastores e agricultores comemorava, nessa época, a chegada do momento mais festivo da natureza, que era o início da colheita de cevada e a entrega do ômer - parte da cevada era ofertada a D'us no segundo dia de Pessach. Era um momento de alegria para este povo que vivia em íntimo contato com a terra, de onde extraíam a subsistência. Para a celebração (Ceia) sempre é colocado á mesa um cálice de vinho além de:

- Um prato com osso de perna de cabrito assado que representa o sacrifício do cordeiro no templo e o poder com que Deus retirou o povo do Egito (zeroá)
- Um ovo cozido como símbolo de luto pela perda do Templo de Jerusalém  e a  vida em si (beitzá)
- Raiz forte para lembrar a amargura da escravidão no Egito (maror)
- Ramos de salsa ou salsão simbolizando o renascimento (karpas)
- Uma mistura com vinho, maçãs e nozes que representam o barro utilizado pelos judeus nas edificações construídas no Egito para o  Faraó (charôsset)
- Água salgada simbolizando as lágrimas derramadas por causa da escravidão", o suor do povo na fuga
Peixe Assado com Legumes, além do Guefilte Fish, uma espécie de bolinho feito com peixes de água doce
          Também faz parte da tradição retirar todos os alimentos com fermento do armário (chametz ) e doa-los. Os mais ortodoxos chegam a esterilizar toda a louça antes das refeições de Páscoa. Outra "adaptação" dos mais contemporâneos ocorre na hora da Hagaza (reza), quando são relembrados os episódios da passagem e angústia dos hebreus. Em suma, comemorar o Pessach é expressar o amor à liberdade, valor judaico tradicionalmente preservado.
                                            A quem é de Pessach: Feliz Pessach!!!
                                            Aos demais: Feliz Páscoa !!!



Colabora: Marlene – Essência/ fonte: Matéria de Juliana Paes - Cyber Cook

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