11 de fev. de 2008

REVERENCIE-SE COM ACEITAÇÃO

Eu sabia que meu marido estava tendo um caso com alguém, mas não conseguia, não podia aceitar aquilo.
Aceitar me obrigaria a fazer algo a respeito e eu não sabia o que fazer.
Eu não tinha emprego, nem dinheiro, por isso não podia deixá-lo.
Eu tinha três filhos que adoravam o pai e eu não desejava priva-los de sua companhia.
E, além de tudo isso, eu tinha um enorme complexo de inferioridade e não queria entregar “o meu homem” de mão beijada para outra mulher.
Eu a encontraria e a mataria.
Fim de papo. Você não precisa gostar do que esta acontecendo na sua vida, mas precisa aceitar que a tal coisa, o que quer que ela seja, está acontecendo.
Enquanto você não aceitar a realidade, ficará impotente para definir o que precisa fazer.

Deixar de aceitar a realidade é negar que você pode fazer uma escolha consciente.
Quando você não faz escolhas, vive a revelia e torna-se vítima das circunstâncias.
Aposto que você sabe do que estou falando. Entretanto, quando você descobre que algo na sua vida não esta acontecendo da forma que você gostaria que estivesse, você passa a sentir raiva ou medo e nada faz sentido.
Há um momento na vida que, ainda assim, tudo correrá bem.
A aceitação consiste em saber que, apesar de tudo, tudo está e correrá perfeitamente bem.
A aceitação é um simples reconhecimento.
É quando você reconhece uma coisa e a enxerga da maneira como ela realmente é.
Mas também é fundamental saber que todas as nossas experiências, por piores que pareçam, são temporárias.
Aceitar que uma experiência é temporária a torna muito mais fácil de administrar.
O que não significa que você deixará de sentir, temporariamente, raiva, medo, depressão ou loucura.
Significa que, quando você sabe que uma situação é passageira, consegue lidar com ela de maneira mais serena.
A aceitação é uma espécie de bilhete de trem expresso que leva você com uma rapidez do lugar do medo e da raiva ao ponto em que deseja chegar, sem ter de passar por tantas emoções negativas.
Aceitar as coisas não significa que você aprova o que esta acontecendo.
E nem significa que essas coisas não estejam tendo impacto sobre você.
Aceitar significa que você consegue despir-se melhor da emoção e ter mais objetividade para enxergar o que esta acontecendo de fato.
E talvez até venha a descobrir que o que esta ocorrendo nada tenha a ver com você.
Talvez você já esteja enxergando, sentindo e mesmo sabendo que algo precisa ser feito.
Mas é necessária a postura emocionalmente distanciada da aceitação para que você consiga fazer uma escolha sabia.
Fui forçada a aceitar a realidade quando a mulher bateu na minha porta.
A aceitação é uma forma de iniciação.
É um rito de passagem.
Você passa da fantasia que criou na sua mente, como forma de proteção, para um mundo real de verdades e de fatos.
É um aviso de que chegou a hora de mostrar sua fibra.
A aceitação é um ato de coragem porque nos leva a fazer aquilo que sabemos que precisa ser feito antes de sermos forçados a fazê-lo.
Eu disse a mulher que entrasse.
A aceitação é a essência do respeito por si mesmo e pelos outros.
Quando você aceita a realidade da sua vida, demonstrando assim que se dispõe a fazer uma escolha consciente, reverencia a sabedoria, a força e a tenacidade do espírito divino que habita dentro de você.
Quando você aceita a realidade das escolhas que os outros fizeram, dando-se conta – mesmo sem gostar do que está acontecendo – de que tem força e coragem para enfrentar aquilo, está honrando o direito de escolha das outras pessoas, sem culpá-las pelas suas próprias feridas.
Você pode não gostar que surjam formigas no seu piquenique, o que não significa que vá entregar seus sanduíches de mão beijada para elas, não é mesmo?
Aceite que as formigas tem o mesmo direito que você tem de estar no parque e tome suas devidas precauções para mante-las longe de sua torta de maçã.
A aceitação é parecida com isso: saber que há formigas num piquenique.
É reconhecer que existem necessidades e circunstâncias além da sua.
Ao reconhecer isso, você adquire o poder de desenvolver uma estratégia de proteção sem pisar nas necessidades dos outros.
Depois que a mulher exigiu que eu desse o divórcio ao meu marido, disse a ela que a única maneira de poder ficar com ele seria levando junto o cachorro dele.
Sem a carga emocional da raiva, do medo e do sentimento de perseguição, é fácil aceitar a realidade da sua vida.
Quando você aceitar o que é, você se torna intensamente consciente do que não é.
Quando você sabe o que não é, pode decidir o que vai fazer.
Quando a mulher partiu, com seis sacos de lixo cheios de roupa e mais o cachorro, fui para o quintal acabar de estender a roupa.
Quando só havia um lençol no cesto, sentei na grama e chorei.


(( Iyanla Vanzant ))
em " Um dia minha alma se abriu por inteiro"


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