5 de jun. de 2008

Hoje que a terra madura se arqueia
em tremor poeirento e violento,
vão as nossas jovens almas tão cheias
iguais às velas de um barco no vento.

Pelo alegre cantarolar da fonte
que em cada boca de jovem assoma:
pela onda ruiva da luz que se move
no frutal coração de maçã,

estale e estremeça a festa noturna
e que a arrastem triunfantes quadrigas
em sua excelsa carruagem desnuda
com sua amarela coroa de espigas.

A juventude com lâmpada clara
pode alumiar os mais duros destinos,
embora crepitem as chamas da noite
seu lume de ouro fecunda o caminho.

Estale e estremeça a festa. Que o riso
contorça as bocas de rosa e de seda
e que a nossa voz dulcifique a vida
como o perfume de uma austral roseira...

(Pablo Neruda)

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