13 de ago. de 2008

O PERIGO DA INTRIGA

Penava em seu covil um leão já muito idoso.
Cada dia chegavam notícias que o seu estado se
agravava e que ele andava morre não morre.
Todavia, apegado à vida como era, lutava
contra a morte, por todos os meios.

Um dia, fez divulgar uma ordem aos animais
que viviam em seus domínios para que, um a um,
o visitassem e lhe dessem receitas de medicamentos
que ajudassem a restaurar suas forças e restabelecê-lo
da enfermidade que, lentamente, ia minando a sua vida.

Tão logo foram tomando conhecimento sobre a determinação do seu rei,
a bicharada foi procurando encontrar algo que minorasse
o sofrimento do leão.
Diariamente, iam os animais visitá-lo.

- Onde anda a raposa? Por que se demora em vir?
- indagou o rei ao lobo.

Este, intrigante e inimigo pessoal da raposa, não perdeu a chance:

- Eu sei. É que ela se considera superior e acha que
Vossa Majestade já está mesmo no fim da vida,
portanto, pra que perder tempo com um caco quase sem utilidade...
Só mesmo uma desalmada como a raposa diria isso!

Ao ouvir tamanho insulto, o leão aborreceu-se ao extremo
e furioso fez intimar a raposa para que imediatamente
comparecesse à sua presença.
Sem qualquer protesto, a raposa se apressou em atender
a intimação do rei.

- Então é assim que me trata, vilíssimo animal?
- disse-lhe o leão, indignado.
- Já se esqueceu que ainda sou o rei da floresta ?

- Perdão, Majestade. Alguma coisa está errada
na informação que lhe prestaram.
Só não vim até agora, por andar peregrinando por outras plagas,
à procura de uma solução para a enfermidade que
abate o ânimo do meu soberano tão querido
e respeitado por todos nós.

E quero que saiba que a minha prolongada procura não foi em vão,
visto que lhe trago a única receita capaz de produzir
as melhoras que o meu rei tanto deseja!
- falou a raposa, com todo o desembaraço
e demonstração de real interesse.

- Diga-me logo o que é, para que tome as providências
- ordenou o leão.

- É necessário combater o frio que entorpece o seu corpo,
revestindo-o com um capote de pele de lobo ainda quente,
isto é, lobo escorchado na hora.
E como está presente o seu fiel súdito
- o lobo - ele lhe emprestará a pele com extremada
alegria e galardoado pela oportunidade, garanto-lhe.

Eis aí o trágico fim de um intrigante...

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