17 de abr. de 2009

A Orquídea Branca...

A mulher ganhou de presente um vaso com uma linda orquídea branca.
Ficou tão encantada que colocou a planta em um xaxim na árvore
mais bonita do jardim...
A planta criou raízes que se prenderam na árvore...
e a flor... no tempo certo... morreu.
Passou um tempo e a mulher se esqueceu da orquídea que acabou
se misturando às muitas plantas do jardim...

Muito tempo depois quando passeava distraída pelo jardim ela viu
a linda flor branca...
Com uma exclamação de alegria se aproximou da linda orquídea
que nasceu sem ser esperada...
A mulher ficou de novo tão encantada que quis preservar ao máximo
aquela flor tão preciosa, da chuva... do sol...

Enquanto admirava a sua beleza ia pensando em uma forma de protegê-la
para que ela ficasse o maior tempo possível enfeitando o jardim,
sem sofrer nenhum dano nas aveludadas pétalas brancas...

Colocou então um plástico branco esticado sobre a planta...
que protegia completamente a orquídea.
Mas... também escondia a sua beleza... Quem passasse por ali,
com certeza, veria a proteção, que chamava a atenção porque
destoava do que era a natureza...
mas não via a orquídea... a menos que tivesse um olhar bem atento
e sensível para o que estava além...

A orquídea até se sentiu feliz e orgulhosa... quando se viu tratada
de forma tão especial, ao contrário das muitas flores que estavam
espalhadas no jardim...
e na primeira chuva que veio se sentiu protegida e confortável
quando os grossos pingos não chegavam a tocar as suas delicadas
pétalas... Ali de cima ela podia ver algumas flores perdendo
uma pétala aqui, outra ali, e se curvando ao sabor das águas
e do vento forte.
E quando veio o sol a orquídea também não pôde sentir na pele
das pétalas o calor, porque aquela proteção impedia que o sol
a atingisse em cheio... como fazia com as outras flores do jardim.
Ela estava protegida, com certeza estava.
Mas não estava feliz...

Olhando as outras flores, ao sabor da chuva, do sol, podia ver
um brilho especial nas pétalas e um viço diferente,
e mesmo aquelas que perdiam algumas pétalas quando a água vinha
mais forte, pareciam felizes, muito felizes, e exalavam vida,
além de perfume.

A orquídea, mesmo linda, parecia pálida e sem vida... e se sentia
assim. E as chuvas foram caindo, o sol foi brilhando, as flores
nasciam e morriam.
E a orquídea enfeitava o jardim, intacta e bela, Mas, triste,
muito triste.
Ela percebeu que o seu tempo estava passando, e isso deu-lhe
uma profunda tristeza por não poder ter vivido a chuva, o sol.
Nunca pôde sentir a alegria incontida que percebia nas outras
flores quando em contato com as forças da natureza.
Aquele plástico que protegia, sufocava mais que tudo.
E o tempo que ela ganhou com esta proteção acabou se tornando
tristeza.
E foi a lua, que também não tinha conseguido tocar diretamente
as suas pétalas, que entendeu o sofrimento da orquídea,
e sentiu uma profunda compaixão pela linda flor.
Num ato de amor, lançou um raio de luar tão intenso que
desintegrou completamente o plástico que protegia a orquídea,
que se rendeu feliz à lua, ao sol, à chuva, à vida, intensamente,
até seu último e derradeiro instante, colorido e encantado por
gotas d'água, filtradas pelo sol em cores de arco íris.
Muitas vezes, os escudos que usamos para proteger, impedem de viver
o melhor da vida e escondem o que tem de mais bonito.

Rubia A. Dantés


Enviado por J.Valdomiro ao Papo de bar
no forum Mineirim Jb em 15/04/2009



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