Um moço de boas maneiras, incapaz de ofender os que lhe buscavam o concurso amigo,
sempre meditava na Vontade de Deus, disposto a cumpri-la.
Certa vez, muito preocupado com o horário, aproximou-se de um pequeno ônibus,
com a intenção de aproveitá-lo para a travessia de extenso trecho da cidade
em que morava, mas, no momento exato em que o ia fazer, surgiu-lhe à frente um vizinho,
que lhe prendeu a atenção para longa conversa.
O rapaz consultava o relógio, de segundo a segundo, deixando perceber a pressa
que o levava a movimentar-se rápido, mas o amigo, segurando-lhe o braço, parecia desvelar-se
em transmitir-lhe todas as minudências de um caso absolutamente sem importância.
Contrafeito com a insistência da conversação aborrecida e inútil, o jovem ouvia o companheiro,
por espírito de gentileza, quando o veículo largou sem ele.
Daí a alguns minutos, porém, correu inquietante a notícia.
A máquina estava sendo guiada por um condutor embriagado e precipitara-se num despenhadeiro,
espatifando-se.
Ouvindo com paciência uma palestra incômoda,
o moço fora salvo de triste desastre.
O jovem refletiu sobre a ocorrência e chegou à conclusão de que, muitas vezes,
a Vontade Divina se manifesta, em nosso favor, nas pequenas contrariedades do caminho,
ajudando-nos a cumprir nossos mais simples deveres, e passou a considerar,
com mais respeito e atenção, as circunstâncias inesperadas que nos surgem à frente,
na esfera dos nossos deveres de cada dia.
* * *
Francisco Cândido Xavier. Da obra: Pai Nosso.
Ditado por Meimei.
Enviado pelo amigo - Carlão/RJ
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