Visitava um casal amigo.
Nosso papo ia muito animado e os assuntos se desdobravam: problemas da vida, espiritualidade, dificuldades familiares...
No meio da sala, o filhinho do casal, mais ou menos cinco anos, brincava pintando desenhos que ele mesmo fizera.
Por diversas vezes aproximara-se, ora do pai, ora da mãe − e dizia: − Posso falar?
E eles respondiam, quase da mesma forma: − Papai e mamãe estão ocupados... Espere um pouco, nós estamos conversando. Nós estamos conversando com o titio (por educação para comigo, pois poderiam, pelos meus cabelos brancos, dizerem vovô).
O garotinho, inicialmente contrariado, retornava a sentar-se, continuando com a brincadeira.
Nova tentativa, resposta negativa e ele voltava ao lugar menos contrariado.
Insiste... Por fim, permanece apenas brincando, de quando em quando olhando para nós.
Tentei interferir. − Podem atendê-lo. Deixem-no falar.
− Não! Ele tem que aprender, pois só quer a atenção para ele!
Apesar dos pedidos: − “posso falar?“ – ele não falou.
Retornando para o meu lar, pensando na cena e em seus personagens, a memória trouxe-me ao consciente uma história:
“Um menino, com voz tímida e olhos de admiração, corre para o pai, quando este chega do trabalho, perguntando: − Papai, quanto o senhor ganha por hora?
O pai, numa atitude severa, responde: − Olha, meu filho, isto nem a sua mãe sabe. Não me aborreça, estou cansado.
O menino, num gesto insistente torna a perguntar: − Mas, papai, não custa nada me dizer quanto o senhor ganha por hora.
− Três reais. Por que você quer saber?
− Então papai, o senhor poderia me emprestar um real?
O pai irado e tratando o filho com aspereza respondeu: − Então é por isso que você quer saber quanto eu ganho? Vá dormir e não me amole mais.
Já deitado para dormir, o pai começou a pensar no menino e arrependeu-se da forma com a qual o tratara. Talvez, quem sabe, o menino precisasse comprar algo. Levantou-se e foi até o quarto do filho e em voz baixa perguntou: − Filho, está dormindo?
− Não papai – respondeu o menino sonolento.
− Olha aqui está o dinheiro que você me pediu. Um real!
− Obrigado, papai! – disse o filho pegando uma caixinha embaixo da cama onde tinha mais dois reais.
− Pronto, agora completei três reais, papai. Poderia me vender uma hora do seu tempo? Sabe, você é tão ocupado, quase não brinca nem conversa comigo e eu sinto tanto a sua falta. Por isso pensei em comprar uma hora do seu tempo, pois é muito bom estar com você”. (Parábolas Eternas, Legrand – Ed. Soler.)
Há coisas que valem muito mais que o dinheiro. Entre elas a troca de amor!
“Bem grande é a influência dos pais sobre os filhos. Os Espíritos têm que contribuir para o progresso uns dos outros. Pois bem, os Espíritos dos pais têm por missão desenvolver os de seus filhos pela educação. Constitui-lhes isso uma tarefa. Tornar-se-ão culpados, se vierem a falir no seu desempenho.” (Questão nº 209, de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec – Ed. FEB.)
Caro leitor ou leitora, posso falar? − Você está valorizando o seu tempo no relacionamento com o seu filho? Não importa a idade dele! Nem sempre o mais importante é dar coisas aos filhos, mas... estar com os filhos!
− Ah! Você não é casado ou casada? Posso falar? Comece a pensar no assunto!
Aylton Paiva
Fonte desta mensagem - http://www.forumespirita.net/fe/accao-do-dia/quanto-vale-o-seu-tempo/
=============================================