Em pane mental, surtada por tanta informação, hoje escrevo apenas sob o controle da emoção.
Exige-se racionalidade. É preciso pensar. Tomar decisões com a cabeça. Usar o bom senso. Botar pra funcionar os neurônios. Ok, mas sem fanatismo. Às vezes é bem-vindo um curto-circuito, uma mente desgovernada.
Pobre de quem conta apenas com a razão, escreveu o argentino Ernesto Sábato. Ao lê-lo, me senti profundamente atingida. Uma frase óbvia, uma verdade gritante, e eu surda. Em pane mental, surtada por tanta informação, por exigir de mim mesma opinião sobre tudo. Pois não contarei, hoje, com o cérebro. Escreverei sob outra inspiração.
Sobre o verão, direi que é uma estação diluente, que a gente transpira um desejo hibernado, que a água é colírio constante e o que se sente fica menos secreto.
Sobre dinheiro, direi o que já disse Simone de Beauvoir, que tê-lo demais e tê-lo o suficiente dá no mesmo, que não podemos comer mais do que comemos, vestir mais do que vestimos, que qualidade e vaidade não são a mesma coisa, que dinheiro desvirtua se não encontra um bolso decente, uma bolsa honrada.
Sobre a verdade, direi que tem muitas caras, tantas quantas as gentes do mundo, que umas verdades são boas, umas verdades são falsas, que umas libertam, outras asfixiam, que há as verdades eternas e aquelas que não duram um dia.
Sobre festas, direi que prefiro as que terminam cedo, onde encontro pessoas de que gosto e algumas que desconheço, que me fazem rir por motivos novos e adiar a volta pra mais tarde, pessoas que me acendem por dentro, me tiram pra dançar, me oferecem outra taça, um novo rosto e palavras que dão gosto de escutar.
Sobre cansaço, direi que tenho é da repetição, de diariamente a mesma notícia, o mesmo boa-noite, o mesmo sonhar acordada, pensando em como seria se a cada dia uma descoberta, uma nova vacina, um preço mais justo, uma confiança, direi que cansaço eu tenho é de muito espaço pra pouca novidade.
Sobre o amor, direi que sobrevive com aparelhos, muitos seguem com medo de senti-lo e recebê-lo, precisam de slogans que o vendam, de garantias que não há, meu amor, não há limite nem formatação adequada, o amor acontece, às vezes fica e às vezes passa.
Sobre política, não digo nada.
Hoje escrevo sob nova direção, sob controle da emoção e ligeiramente estafada.
Martha Medeiros
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Exige-se racionalidade. É preciso pensar. Tomar decisões com a cabeça. Usar o bom senso. Botar pra funcionar os neurônios. Ok, mas sem fanatismo. Às vezes é bem-vindo um curto-circuito, uma mente desgovernada.
Pobre de quem conta apenas com a razão, escreveu o argentino Ernesto Sábato. Ao lê-lo, me senti profundamente atingida. Uma frase óbvia, uma verdade gritante, e eu surda. Em pane mental, surtada por tanta informação, por exigir de mim mesma opinião sobre tudo. Pois não contarei, hoje, com o cérebro. Escreverei sob outra inspiração.
Sobre o verão, direi que é uma estação diluente, que a gente transpira um desejo hibernado, que a água é colírio constante e o que se sente fica menos secreto.
Sobre dinheiro, direi o que já disse Simone de Beauvoir, que tê-lo demais e tê-lo o suficiente dá no mesmo, que não podemos comer mais do que comemos, vestir mais do que vestimos, que qualidade e vaidade não são a mesma coisa, que dinheiro desvirtua se não encontra um bolso decente, uma bolsa honrada.
Sobre a verdade, direi que tem muitas caras, tantas quantas as gentes do mundo, que umas verdades são boas, umas verdades são falsas, que umas libertam, outras asfixiam, que há as verdades eternas e aquelas que não duram um dia.
Sobre festas, direi que prefiro as que terminam cedo, onde encontro pessoas de que gosto e algumas que desconheço, que me fazem rir por motivos novos e adiar a volta pra mais tarde, pessoas que me acendem por dentro, me tiram pra dançar, me oferecem outra taça, um novo rosto e palavras que dão gosto de escutar.
Sobre cansaço, direi que tenho é da repetição, de diariamente a mesma notícia, o mesmo boa-noite, o mesmo sonhar acordada, pensando em como seria se a cada dia uma descoberta, uma nova vacina, um preço mais justo, uma confiança, direi que cansaço eu tenho é de muito espaço pra pouca novidade.
Sobre o amor, direi que sobrevive com aparelhos, muitos seguem com medo de senti-lo e recebê-lo, precisam de slogans que o vendam, de garantias que não há, meu amor, não há limite nem formatação adequada, o amor acontece, às vezes fica e às vezes passa.
Sobre política, não digo nada.
Hoje escrevo sob nova direção, sob controle da emoção e ligeiramente estafada.
Martha Medeiros
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