23 de abr. de 2012

A SERPENTE E O SÁBIO



Contam as tradições populares da Índia que existia uma serpente venenosa em certo campo. 
Ninguém se aventurava a passar por lá, receando-lhe o assalto. 
Mas um santo homem, a serviço de Deus, buscou a região, mais confiado no Senhor que em si mesmo. 
A serpente o atacou, desrespeitosa. 
Ele dominou-a, porém, com o olhar sereno, e falou: - Minha irmã, é da lei que não façamos mal a ninguém. 
A víbora recolheu-se, envergonhada. 
Continuou o sábio o seu caminho e a serpente modificou-se completamente. 
Procurou os lugares habitados pelo homem, como desejosa de reparar os antigos crimes. 
Mostrou-se integralmente pacífica, mas, desde então, começaram a abusar dela. 
Quando lhe identificaram a submissão absoluta, homens, mulheres e crianças davam-lhe pedradas. 
A infeliz recolheu-se à toca, desalentada. Vivia aflita, medrosa, desanimada. 
Eis, porém, que o santo voltou pelo mesmo caminho e deliberou visitá-la. 
Espantou-se, observando tamanha ruína. 
A serpente contou-lhe, então, a história amargurada. 
Desejava ser boa, afável e carinhosa, mas as criaturas perseguiam-na. 
O sábio pensou, pensou e respondeu após ouví-la: 
- Mas, minha irmã, ouve um engano de tua parte. 
Aconselhei-te a não morderes ninguém, a não praticares o assassínio e a perseguição, 
mas não te disse que evitasses de assustar os maus. 
Não ataques as criaturas de Deus, nossas irmãs no mesmo caminho da vida, 
mas defende a tua cooperação na obra do Senhor. 
Não mordas, nem firas, mas é preciso manter o perverso à distância, 
mostrando-lhe os teus dentes e emitindo os teus silvos. 




André Luiz/Chico Xavier

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