Em
sala de aula a professora pergunta aos seus alunos: - O que vocês querem ser
quando crescer? Várias crianças levantam a mão. Eu me sinto tímida, calada e
com um frio imenso na barriga.
Alguém
diz que quer ser médico, o outro bombeiro, outro engenheiro e outro, ainda,
responde astronauta. Continuo muda e
rezando para que ninguém lembre que eu existo por conta da grande timidez que
já fazia parte do meu mundinho. Quando naquele minuto de silêncio que demorou
horas veio a pergunta crucial: - E Você, Rita Alonso? O que quer ser quando
crescer? Senti meu rosto queimar, minha respiração ficar ofegante, mas num
rompante inesperado, respirei fundo e com uma voz bem pequenininha consegui
responder: - Quero ser professora!
A
seguir a cena que nunca mais esqueceria em toda a minha vida: Uma gargalhada
geral ecoou por toda a sala puxada pela própria “Tia Terezinha”, que
complementou o horror da cena dizendo: - Minha filha, só se você quiser morrer
de fome!
E,
novamente, mais gargalhadas!
Nestes
meus 20 anos em sala de aula na UNESA e em outras instituições, todas as vezes
que me sinto cansada, desanimada, com vontade de desistir lembro deste triste e
importantíssimo episódio que marcou definitivamente na escolha da minha
carreira e, principalmente, me vêm à mente o sentimento de determinação e força
de vontade para galgar um caminho que eu sempre tive certeza de ter absoluta
vocação.
Poucos
anos depois deste fato, conheci a professora Elisa. Ela era linda, decidida e
revolucionária em seus métodos de ensino. Ensinou-nos o significado de palavras
como “personalidade”, “determinação”, “sentimento”, “talento”... Ah, que
saudades sinto desta professora principalmente quando ela resolveu ler o livro
“Meu Pé de Laranja Lima” no finzinho das aulas. Cada dia um capítulo, cada dia
uma lágrima...
Vejo
este dois casos -duas professoras diferentes- como decisivos na vida do aluno, a
importância da conscientização por parte dos professores de seu papel como
formador de opinião, de caráter e, até, em muitos casos, de auxiliar da
formação de personalidade. E mais ainda: a importância de nossas atitudes
quando se fecha a porta e ficamos no palco de uma sala de aula.
Aos
14 anos comecei a dar aulinhas de recreação na antiga LBA (Legião Brasileira de
Assistência) no Parque da Gávea e lá, ainda, ingressei num projeto na
Secretaria Estadual de Educação, onde os alunos adultos assistiam num monitor à
novela da Secretaria de Educação da “João da Silva” e após a novela educativa
eu ministrava aulas de português, matemática, ciências... Logo a seguir entrei
para o projeto MOBRAL, alfabetizando jovens e adultos. Desta experiência, a
minha maior conquista foi ensinar uma senhora de 64 anos de nome D. Pedrina a
ler e a escrever.
Até
o dia em que peguei um ônibus e fui fazer minha inscrição para o vestibular nas
“Faculdades Integradas Estácio de Sá” na Rua do Bispo.
Exatamente!
A UNESA não era universidade ainda e só existia no Estácio. Consegui o segundo
lugar do meu curso no vestibular. Terminei a primeira faculdade, fiz a segunda
e ganhei bolsa para a pós-graduação. Comecei a dar aulas nos cursos extracurriculares,
onde estou há 19 anos e em 2008 fui convidada a me integrar ao projeto de
empreendedorismo.
Minha
área é RH. Sou funcionária da Riotur há 23 anos, lotada na Prefeitura do Rio de
Janeiro há 18 anos.
Sou
consultora de RH, ministro palestras e oficinas na área motivacional. Criei o
site “ritaalonso.com.br” que engloba artigos da área.
Amo
o que faço e tenho um prazer imenso em lecionar. Nestes tantos
anos como professora conheci centenas de alunos e a melhor recompensa é, às
vezes, cruzar a Av. Rio Branco ou estar num supermercado e ouvir alguém chamar:
- Oi, Prof. Rita Alonso!
E
isto não tem preço!
Além
de provar para a “Tia Terezinha” que vim, vi e venci porque este era o meu
talento. E que aos nove anos eu já sabia
o que eu ia ser quando crescesse.
Abraços
e fiquem bem...
Prof.
Rita Alonso
www.ritaalonso.com.br
www.ritaalonso.com.br
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