20 de set. de 2012

O QUE VOCÊ QUER SER QUANDO CRESCER?


 
Em sala de aula a professora pergunta aos seus alunos: - O que vocês querem ser quando crescer? Várias crianças levantam a mão. Eu me sinto tímida, calada e com um frio imenso na barriga.
Alguém diz que quer ser médico, o outro bombeiro, outro engenheiro e outro, ainda, responde astronauta.  Continuo muda e rezando para que ninguém lembre que eu existo por conta da grande timidez que já fazia parte do meu mundinho. Quando naquele minuto de silêncio que demorou horas veio a pergunta crucial: - E Você, Rita Alonso? O que quer ser quando crescer? Senti meu rosto queimar, minha respiração ficar ofegante, mas num rompante inesperado, respirei fundo e com uma voz bem pequenininha consegui responder: - Quero ser professora!
A seguir a cena que nunca mais esqueceria em toda a minha vida: Uma gargalhada geral ecoou por toda a sala puxada pela própria “Tia Terezinha”, que complementou o horror da cena dizendo: - Minha filha, só se você quiser morrer de fome!
E, novamente, mais gargalhadas!
Nestes meus 20 anos em sala de aula na UNESA e em outras instituições, todas as vezes que me sinto cansada, desanimada, com vontade de desistir lembro deste triste e importantíssimo episódio que marcou definitivamente na escolha da minha carreira e, principalmente, me vêm à mente o sentimento de determinação e força de vontade para galgar um caminho que eu sempre tive certeza de ter absoluta vocação.
Poucos anos depois deste fato, conheci a professora Elisa. Ela era linda, decidida e revolucionária em seus métodos de ensino. Ensinou-nos o significado de palavras como “personalidade”, “determinação”, “sentimento”, “talento”... Ah, que saudades sinto desta professora principalmente quando ela resolveu ler o livro “Meu Pé de Laranja Lima” no finzinho das aulas. Cada dia um capítulo, cada dia uma lágrima...
Vejo este dois casos -duas professoras diferentes- como decisivos na vida do aluno, a importância da conscientização por parte dos professores de seu papel como formador de opinião, de caráter e, até, em muitos casos, de auxiliar da formação de personalidade. E mais ainda: a importância de nossas atitudes quando se fecha a porta e ficamos no palco de uma sala de aula.
Aos 14 anos comecei a dar aulinhas de recreação na antiga LBA (Legião Brasileira de Assistência) no Parque da Gávea e lá, ainda, ingressei num projeto na Secretaria Estadual de Educação, onde os alunos adultos assistiam num monitor à novela da Secretaria de Educação da “João da Silva” e após a novela educativa eu ministrava aulas de português, matemática, ciências... Logo a seguir entrei para o projeto MOBRAL, alfabetizando jovens e adultos. Desta experiência, a minha maior conquista foi ensinar uma senhora de 64 anos de nome D. Pedrina a ler e a escrever.
Até o dia em que peguei um ônibus e fui fazer minha inscrição para o vestibular nas “Faculdades Integradas Estácio de Sá” na Rua do Bispo.
Exatamente! A UNESA não era universidade ainda e só existia no Estácio. Consegui o segundo lugar do meu curso no vestibular. Terminei a primeira faculdade, fiz a segunda e ganhei bolsa para a pós-graduação. Comecei a dar aulas nos cursos extracurriculares, onde estou há 19 anos e em 2008 fui convidada a me integrar ao projeto de empreendedorismo.
Minha área é RH. Sou funcionária da Riotur há 23 anos, lotada na Prefeitura do Rio de Janeiro há 18 anos.
Sou consultora de RH, ministro palestras e oficinas na área motivacional. Criei o site “ritaalonso.com.br” que engloba artigos da área.
Amo o que faço e tenho um prazer imenso em lecionar. Nestes tantos anos como professora conheci centenas de alunos e a melhor recompensa é, às vezes, cruzar a Av. Rio Branco ou estar num supermercado e ouvir alguém chamar: - Oi, Prof. Rita Alonso!
E isto não tem preço!
Além de provar para a “Tia Terezinha” que vim, vi e venci porque este era o meu talento.  E que aos nove anos eu já sabia o que eu ia ser quando crescesse.

Abraços e fiquem bem...

Prof. Rita Alonso

www.ritaalonso.com.br

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