Frases como "dinheiro não traz felicidade", "quanto mais alto, maior a
queda" e "você tem que se contentar com o que tem" deveriam ser riscadas de qualquer pára-choque de caminhão e banidas definitivamente do imaginário popular, na opinião do economista José Carlos Flesch. Segundo ele, que é autor dos livros "O Lucro, a Empresa e Você" e "Inspiração para o Lucro", o maior problema de brasileiros não é a
falta de dinheiro, mas o medo de ganhá-lo.
"Muitas pessoas acham que o principal problema é saber administrar o dinheiro, mas antes disso, o primeiro passo é não ter medo de ganhar dinheiro." Para Flesch, são três os principais componentes que formam o medo: a culpa da religião católica, a herança familiar e a baixa auto-estima do brasileiro. Ao sofrer desse mal, as pessoas promovem diversos boicotes e acabam com uma equação nada rentável: muito trabalho, muita reclamação e sem nenhum dinheiro no bolso. O empresário Rui Boucault Pires Alves aprendeu desde criança que ganhar dinheiro era "errado". Dono de uma empresa de material de engenharia, ele disse que sentia tanta culpa por ganhar dinheiro que tinha medo da ostentação. "Fazia questão de ter um carro pior do que meus funcionários."
Quando sua empresa de material de engenharia estava a ponto de fechar, ele decidiu que era hora de mudar e disse que encarou que era preciso enxugar gastos, mostrar credibilidade e aceitar o lucro. "Enquanto o irmão ficava lá esperando a bomba estourar, eu ia negociando." "Hoje eu trabalho 14, 15 horas por dia e acho que mereço ser feliz. Antes achava que se ganhasse dinheiro estaria enrolando as pessoas, mas atravessei essa barreira."
Rejane Dias dos Santos, dona das editoras Autêntica e Gutenberg, disse
que sempre esbarrava na mesma dificuldade para seus negócios irem para frente. "Se um autor pedisse uma passagem de qualquer lugar do país eu dava, sem levar em conta o resultado desse investimento. Você pode ser a pessoa mais generosa e isso não ser bom para a sua empresa." Hoje, com menos desprezo à matemática, ela tenta se livrar da culpa de anos de estudo em um colégio de freiras. "Além disso, vim do interior e
era filha de operários, ou seja, com todos os condicionamentos para que nunca pudesse ter uma empresa por mais empreendedora que fosse." A dona de uma escola de idiomas, Aparecida Tieko Koyma, conta que seu maior problema era achar que ganhar dinheiro seria perder qualidade. "Eu achava que ser professora era uma missão e não uma profissão. Tinha medo de crescer, perder o controle das coisas e de perder a qualidade."
Ela disse que quando deixou de ser uma chefe centralizadora, sem precisar de mais investimentos financeiros, conseguiu ampliar de uma para quatro unidades a escola de idiomas e aumentar de 12 para 120 funcionários. "Acabei aprendendo que oferecer mais empregos é a melhor coisa que poderia fazer."
Extraido da Folha Online
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