15 de mai. de 2014
Basta estar morto para viver (JUST BE DEAD TO LIVE)
Por que damos tanto valor ao que se foi? Enquanto a situação está sendo vivida, ou a pessoa está próxima, ou as possibilidades com facilidades de contato existem apenas viramos as costas e falamos: ah legal, depois vejo isso. Mas, quando não temos mais, corremos, gritamos e choramos a ausência.
Enquanto tínhamos o gênio Gabriel García Márquez, alguns nunca tinham ouvido falar dele, outros até tinham, mas nunca leram uma obra. Os especiais sobre sua vida foram um ou outro, poucos sabiam sobre sua condição física e mental e até o fato de que a família não gostava muito de falar sobre. Alguns achavam que ele havia escrito apenas ‘Cem Anos de Solidão’, aquele livro maravilhoso, impossível de ser lido. Que todos afirmavam ser fantástico, mesmo sendo complicado encontrar alguém que realmente tenha se mergulhado neste mundo surreal.
Após sua morte tudo ressurge, é como se tivéssemos descoberto um personagem novo, os livros somem das prateleiras e as editoras veem a grande oportunidade de fazer um dinheiro extra com os livros esquecidos que se tornaram clássicos de imenso valor após o enterro de seu autor. Simples assim.
Não é a primeira vez que isto acontece, e na verdade, desde sempre este tem sido o comportamento humano com relação não apenas ao mundo literário, mas tudo. Van Gogh era um morto de forme, até que morreu, pimba suas obras são tão caras e lindas, e ... e... Ele é o cara!!!! Os Mamonas Assassinas eram uma banda com músicas bizarras e até toscas, bastou todos morrerem em um terrível acidente de avião e pimba, ganharam um documentário. Ah sim, somos um país privilegiado, com uma natureza variada, flores, frutos, árvores maravilhosas, porém não temos um jardim ou parque decente pela cidade, a manutenção é furada, a valorização zero, afinal de contas, eles estão sempre lá, seja primavera ou verão, não temos um inverno rigoroso que cubra de branco nosso verde. A água só é lembrada quando não há mais nada para ser sugado de suas bacias. Você só se lembra de ligar para aquela pessoa quando ela está doente, porque até ontem, enquanto ela estava ao seu lado falando contigo, você estava falando com outra pessoa no whats app.
Vivemos em uma sociedade em que os mortos valem e vivem muito mais do que os vivos. Afinal de contas o que é viver? Não compensa ser criança de verdade quando se tem 4 anos de idade se você pode chegar aos 20 e morrer de saudades de quando podia sujar os pés e melecar a cara de chocolate sem ser julgado.
Assim vamos vivendo..., ou morrendo, na tentativa de construirmos a melhor história para ser contada quando não mais estivermos por perto.
Vale a pena?!
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