Aconteceu numa 5ª. Feira.
Cheguei a meu trabalho e ao ligar o computador percebi que toda a
configuração de um projeto de RH muito importante e complicado que eu estava
trabalhando há meses havia sido todo modificado em sua configuração.
Assustei-me: “Ué, a informática mudou toda a visualização do
projeto sem me consultar? O que deve ter ocorrido?”.
Afinal, eu era a responsável por
aquele projeto. Passei alguns finais de semana elaborando e quebrando a cabeças
para montar um sistema que adequasse melhor aos profissionais que iriam
trabalhar naquele projeto comigo e aos candidatos naquela consultoria.
Sem falar das inúmeras reuniões com o
pessoal responsável pela informática e os analistas de cargo! Tudo para que
eles colocassem em prática o que ainda estava no papel.
E, naquele dia ao chegar ao trabalho
constato que tudo foi alterado sem sequer uma conversa prévia.
Fiquei irritadíssima, pensei em ir ao
nono andar, no CPD, dar um murro na mesa, quebrar tudo e pedir explicações
depois.
Mas, meu bom senso me orientou a
primeiro dar uma volta pelo corredor da empresa, contar até dez, tomar um copo
de água e só depois com a cabeça fria resolver o problema.
E foi o que fiz.
Passando em frente à sala de uma
colega entrei para desabafar.
Esta minha amiga chama-se Mara. Somos
amigas há quase 15 anos, trabalhamos juntas há alguns anos em outra empresa.
Mas só nesta é que nos tornamos mais próximas.
Amigas de conversas íntimas, de
desabafos e confidências, Mara estava se preparando para casar. Procurando
igrejas, bufês, ornamentação de igrejas, convites e listas e mais listas de
convidados.
Sentei à sua frente e pedi que me
escutasse. Desabafei sobre a frustração de chegar e ver um projeto do qual era
responsável, do qual estava à frente, que me fora tão sacrificante e demorado
montar, ser tão modificado sem ao menos uma consulta, uma reunião...
Falei, falei... acho que passei um bom
tempo alugando os ouvidos de minha boa amiga!
Desabafei toda minha insatisfação
diante de uma amiga que me escutava calada e compartilhadora de meus dissabores.
Eu me sentia gratificada por ter alguém com quem eu pudesse desabafar naquele
momento.
Quando de repente, ela quebra o
silêncio me fazendo uma pergunta crucial que jamais esquecerei em toda a minha
vida.
Olhou-me bem dentro dos olhos e disse:
“-Rita, você sabe quanto me cobraram
para ornamentar a igreja”?
Pois é...
A Mara não escutou absolutamente nada
do que eu lhe disse!
Para ela não importa se mudaram a
“cara” do meu projeto. Se o responsável foi o pessoal da informática, ou quem
quer que tenha sido.
E será que freqüentemente não agimos
assim?
Conversamos ou ouvimos pessoas, e
depois de meia hora não conseguimos mais lembrar nada do que se foi falado...
Quantas vezes saímos de reuniões
chatas com a sensação de que nada se foi dito, ou conversamos com amigos,
filhos, colaboradores e na verdade nosso espírito está em outro lugar...
Quantas vezes continuamos no
computador mesmo depois que alguém se senta ao nosso lado para conversar ou
pedir informações.
Quantas vezes o filho, o marido, a
esposa, os pais não nos procuram para contar como foi seu dia e não largamos o
jornal, o computador ou algo que estamos fazendo para dar total atenção e ainda
dizemos: “Pode ir falando que eu estou escutando...”.
Mas não está mesmo!!!
Ouvir só por ouvir não é o mesmo que
parar e escutar.
Da próxima vez que tiver que ouvir
alguém dê-lhe a devida atenção. Pare o que está fazendo. Olhe nos olhos. Isto é
uma cortesia para com quem escolheu você para ouvir.
Coisa rara hoje em dia: Saber ouvir o outro.
Tenha uma boa semana, pense bastante no que leu e fique bem.
Prof.
Rita Alonso – www.ritaalonso.com.br
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